sexta-feira, 24 de setembro de 2010

P.E.N.T.E.



“Traição é traição, romance é romance, amor é amor e um lance é um lance... É o pente, é o pente, é o pente...”









Não, amigos, obviamente não estou falando da belíssima adaptação que os funkeiros brasileiros fizeram a partir de uma música do Fat Boy Slim.
Falo aqui da estrutura que todo texto narrativo, em prosa, necessita para ganhar vida e forma.


P.E.N.T.E


Personagem, Enredo, Narrador, Tempo, Espaço.


Sem isso nenhuma história se suporta. Não cria um fator que chamamos de “Verossimilhança” na literatura. Ainda que o objetivo às vezes seja causar um “Estranhamento”, a verossimilhança deve estar presente. Um texto sem ela não é coerente.



“Ok senhor, como podemos desenvolver o PENTE do nosso texto?”



Bem, jovem padawan, isso não é uma matéria fácil. Cada história apresenta sua estrutura de maneira diferente. Haverá aquelas em que o método narrativo designa boa parte do foco da historia. Terá ainda aquelas que serão todas baseadas em diálogo. Ou ainda uma daquelas que somente descreva um cenário e algumas ações dentro dele.


O que se tem que ter em mente é que, sempre que fores escrever uma “cena” imagine-a. Pense no melhor narrador para contá-la, nos personagens envolvidos, como ela irá avançar até o término da mesma. O tempo em que as ações rolam e os espaços em que rolam conta demais. Muitas vezes perdemos o ritmo, um personagem movimenta-se e outro para no tempo. Quando acontece isso, bye bye verossimilhança, fod*** a cena inteira.



“Entendi mais ou menos... Me diz ai, como faço pra descrever essas coisas?”



Lembre-se sempre de um detalhe crucial:


Somos todos humanos, ou seja, possuímos cinco sentidos.



Use isso a seu favor. Quando for descrever um cadáver, por exemplo, lembre-se de descrever o sangue pelo chão, as manchas dele coagulado embaixo das unhas do corpo. Lembre os leitores que o corte na barriga, que causou a morte, exalava um cheiro de putridão misturado a fezes, fazendo com que às vezes parecesse que o ar carregasse o gosto de imundice. O silêncio, às vezes, quando bem descrito, vale mais que mil sons.
O caminhar dos personagens no ambiente, seus sentidos, suas emoções. Coloque isso no papel, estruture, rebusque e lhe garanto, Dona Verossimilhança vai bater palmas pra você.